domingo, 27 de novembro de 2011

Pare de facilitar... Avance e não volte para trás!

Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso, porque já chorei demais... Cada um de nós compõe a sua história e cada ser em si, carrega o dom de ser capaz, de ser feliz... 


Bom dia!
Hoje fazem 25 dias que decidi procurar ajuda PARA MIM, decidida a romper o círculo que vinha vivendo desde que descobri que meu esposo é um usuário de cocaína, um D.Q., um adicto (tenho aversão ao significado dessa palavra - adicção = acorrentado, escravo de...). Em todos esses anos de muito desespero, passei por várias fases, comuns aos co-dependentes, mas sempre buscando informações a respeito, lia tudo que via pela frente,sempre me identificando, reconheci minha doença, sabia o que deveria fazer, mas infelizmente eu estava em um grau muito elevado da doença (a co-dependência), sofriiiaaaa com a indiferença do meu esposo, achava que tudo que ele fazia, era porque não me amava e não me dava o devido valor, eu sabia que as atitudes dele faziam parte dos sintomas da D.Q., mas não conseguia aceitar, é duro aceitar que o  D.Q. na ativa é inacessível emocionalmente,não que eles deixem de amar, mas os sentimentos ficam em segundo plano, a droga fica no comando de tudo... Que triste... Eles também sofrem por isso... Eu sofria muito com a dor da impotência, já tinha estudado tanto sobre D.Q. e sabia que nada do que eu fizesse faria ele parar, eu sabia que não adiantava chorar, implorar, fazer chantagens... "Por favor amor, pensa na nossa família...Pensa nas crianças, pensa em você, por favor... Não quero ter que abrir mão de você, nós nos amamos tanto... Temos tudo p/ sermos felizes... Pelo amor de Deus, por tudo que é mais sagrado, PENSAAAA...E chorava...
Até que no dia 2 de novembro, depois de ler um artigo, e gravar a seguinte frase: "Pare de ajudar,o D.Q. precisa sofrer perdas, só assim talvez haja esperanças.Avance e não olhe para trás." Aquele AVANCE E NÃO OLHE PARA TRÁS ficou gravado na minha mente, tomei a decisão ainda pensando nele, mas tomei, avancei...Fui ao Nar-anon, comprei toda a literatura deles e simplesmente devorei, comecei colocando em prática o DESLIGAMENTO COM AMOR, continuava sendo uma esposa amorosa e dedicada, porém voltei a focar nas minhas coisas, não deixava mais de fazer nada só para vigiá-lo (nunca adiantava mesmo, ele sempre dava um jeito de pegar droga e usar escondido pela casa),após um dia de uso, esperei a ressaca acabar e quando ele estava sóbrio chamei-o para uma conversa,fui bem clara dizendo  que se ele não decidisse parar e para tanto se submetesse a tudo que fosse necessário ele teria que ir embora,que eu havia chegado ao meu limite e não iria pro fundo do poço com ele, pois alguém tinha que cuidar das crianças... Ele duvidou, passou 2 dias fora de casa usando, me mandava msg se lamentando mas continuava entregue... Quando ele voltou eu estava decidida, ele pediu que o deixasse ficar em casa só mais 5 dias até se "aplumar", disse a ele que enquanto ele não reconhecesse que estava doente e entendesse que precisava de ajuda p/ parar, nunca iria se aplumar, mas deixei que ficasse os 5 dias,(dormindo no quarto dos meninos) mas que nem pensasse em trazer droga p/ casa, e assim se passaram alguns dias... Eu sofria calada, chorava todas as noites, várias vezes quis chama-lo para dormir na nossa cama, queria tanto seu colo, seus beijos...quando a droga não estava entre nós ele me fazia sentir a mulher mais amada desse mundo, eram dias muito felizes p/ todos nós; mas me mantive firme, e vi ele tentando focar em outras coisas, tentando mostrar que estava controlando a doença... No quarto dia, após aparecer na academia no horário em que sabia que eu estaria - lindo malhando - foi um momento muito lindo, parecíamos 2 adolescentes se paquerando de longe... Tomou coragem e me chamou p/ conversar,segurou minhas mãos e pediu que lhe desse mais uma chance, que me amava demais,não queria me perder e que nossa família não poderia acabar daquele jeito, só por causa do egoísmo dele, senti muita sinceridade em seu olhar, era realmente de coração, foi um momento mágico p/ mim, minhas esperanças se renovaram e eu acreditei que seria possível, desta vez ele enxergou... Perdoei mais uma vez e vivemos uma semana linda, c/ muito amor e dedicação ao nosso relacionamento e aos nossos filhotes, as crianças ficaram radiantes... Se iludiram também...
Porém, ele não buscou ajuda,ou seja, estava talvez só dando um tempo, achando que depois poderia controlar o uso...A droga o derrubou novamente, nocauteou... Foi então que entreguei os pontos, não permiti que ele voltasse p/ casa, mandei que pedisse ajuda aos seus pais e me mantive firme, tudo que eu queria era permanecer firme, eu não iria recair... Passaram-se 9 dias até que ele pedisse ajuda dos pais, desesperado, surtando, disse que iria se tratar sim, a essa altura eu já era a pior pessoa p/ ele, eu queria acabar c/ a vida dele,eu não o fazia feliz... Tirou sua aliança, falava horrores de mim, eu me tornei sua inimiga...Como isso me fez sofrer! Os pais dele me contavam tudo que ele, surtando, falava a meu respeito, até que pedi a eles que não me falassem,eu não precisava sofrer mais do que já estava, eu sabia que era por causa da doença, mas aquilo estava me matando por dentro, pôxa, logo eu... Mas, amém... É assim mesmo, é assim que os adictos reagem quando seus co-dependentes decidem parar de facilitar suas vidas... Enfim,depois de muita luta, muita indecisão e tensão ele se entregou... Viajou para se internar com muita mágoa de mim, isso ainda me dói muito, mas o que importa é que ele agora está lá, se submetendo a ser tratado e tenho muita fé em Deus de que irá dar TUDO CERTO, pois sei que Deus está no controle de tudo!
Quanto a nós, não sei, só sei que quero a minha recuperação mais que tudo na vida, estou frequentando Nar-anon, Amor-exigente e fazendo terapia 2 vezes na semana, tenho tido muitos progressos, ainda estou sofrendo pela falta que ele me faz,e pelo fato de ele ter me colocado como vilã, a hora de dormir é bem difícil ainda, me pego imaginando o que ele deve estar fazendo ou pensando... Sinto muita falta do nosso aconchego, de sua voz me chamando de princesa... Mas não estou mais me deseperando, faço todas as minhas atividades, sempre uma coisa de cada vez, e estou procurando sempre vêr o lado bom das coisas, afinal eu creio que TODAS AS COISAS COOPERAM PARA O BEM DAQUELES QUE AMAM A DEUS!


BJOS E MUITA SERENIDADE, CORAGEM E SABEDORIA
  

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

DEPENDÊNCIA QUÍMICA – DOENÇA OU OPÇÃO ?

Boa tarde!
     Li esse artigo a um tempo atrás e achei muito importante, como a informação faz parte do nosso arsenal de guerra contra esse terrível inimigo, decidi compartilha-lo.
     Quanto a mim, posso dizer que estou lutando, cada dia eu mato 1 leão... Falei com a psicóloga da clínica onde meu esposo está internado e a informação que obtive é e que ele está inconformado,pois imaginava que ficar ou sair seria uma opção dele, conhecendo-o como conheço, posso imaginar... Mas, eu creio que ele vai cair na real, mais cedo ou mais tarde... Minha cabeça é uma confusão só, ontem minha sogra me chamou pra conversar (ela quem foi levá-lo, a clinica fica em SP e nós moramos em Manaus),ela queria saber se eu iria espera-lo. Bem, falei que meu foco está no agora, no hoje, e hoje o que tenho são muitos problemas, que ele deixou para serem resolvidos, são dívidas enormes... Tantos problemas que nem sei por onde começar... Aos poucos estou me recuperando, sinto muitas saudades sim, choro todas as noites... Mas não estou mais tão desesperada, todas as coisas horríveis que ele falou p/ mim e de mim nos dias críticos ainda doem demais, principalmente ele ter dito que iria se recuperar e viver longe de mim, pois comigo não era feliz, ele falou isso assim que meus sogros o resgataram no sítio onde ele estava se drogando, falou p/ todos ouvirem... Fora outras barbaridades que falou a meu respeito, sempre que ele surta eu sou o alvo da raiva e frustração dele, e isso acaba comigo. Venho acompanhando o blog da Polly e o esposo dela, apesar de tudo, pelo menos não joga culpa nela, não trata como se fosse ela a inimiga dele, já o meu esposo, agi como se eu fosse a causadora de tudo, na cabeça dele eu teria que suportar tudo e nunca falar nada, agüentar, ficar do lado mesmo sendo massacrada emocionalmente, só eu sei o quanto suportei, o quanto tolerei... Ele nem imagina que a atitude que decidi tomar, na verdade foi por ele, não por mim, foi mais uma tentativa desesperada de fazê-lo compreender que precisava de ajuda, pedir a ele que fosse embora e me manter firme foi terrível p/ mim, diante dele eu me mantive firme, mas só eu sei o quanto eu estava passando por cima de mim e dos meus reais sentimentos. Porém, agora que estou buscando minha cura da co-dependência, estou compreendendo que não foi bom só p/ ele, foi p/ mim também, pois aquilo não era vida, sofrimento, amargura, desespero e dor não é vida, Deus não nos colocou no mundo p/ isso!
     Hoje, tudo que quero é ser feliz, ter paz, dar a devida atenção aos nossos filhos ( um adolescente de 15, uma princesinha de 11 anos e um bebê de 4), voltar a ser a profissional competente que eu era, enfim, FAZER A VIDA VALER A PENA! Já coloquei diante de Deus minha família e sei que Ele está no controle de TUDO!!!
     Segue o artigo, amanhã vou compartilhar outro, que inclusive foi que abriu minha mente p/ tomar a decisão.
Bjos e muita PAZ!!!
I love Jesus!

                               DEPENDÊNCIA QUÍMICA – DOENÇA OU OPÇÃO ?
 Um filósofo muito importante afirmou certa vez: “o homem está condenado a ser livre.” Ele quis dizer que o homem é naturalmente livre, mas essa liberdade o condena a tomar decisões, fazer escolhas, opções pelo resto da vida. Quanto mais escolhas fazemos e nos responsabilizamos por elas, mais livres seremos. Quando mais culpamos os outros por nossas escolhas erradas, menos autônomos e mais dependentes do outro ficamos. Essa pergunta traz para perto a Filosofia e a Medicina e mostra como a dependência de drogas pode ser objeto dos mais variados campos do conhecimento. Aqueles que decidem consumir uma droga estão fazendo uma opção, uma escolha. É claro que muitos fatores contribuíram para que tal escolha se desse (as angústias da vida, a simples curiosidade, a influência de amigos, a vontade de buscar um jeito novo de divertir...). Mas, a escolha, no final, foi da pessoa. Continuar usando drogas também é uma opção, mas cada vez menos... Isso porque o organismo vai se adaptando à presença da droga. Vai havendo modificações no cérebro. Quando o indivíduo fica sem a droga, passa a se sentir muito mal, desconfortável, irritado, deprimido, ansioso. O dependente acha que o único alívio possível é a continuidade do consumo. Conforme a dependência vai se instalando, a pessoa passa a abrir mão de coisas que antes eram muito importantes para ela. É o momento em que aparecem as brigas e discussões com a família, a piora no desempenho escolar, a venda de objetos para comprar drogas. Tudo passa a girar em torno do consumo de drogas. A partir desse ponto, o indivíduo não consegue mais ficar sem usar drogas. Não há mais OPÇÃO: o indivíduo não escolhe se vai usar drogas ou não. A doença lhe tirou essa liberdade. Qualquer doença psíquica consiste acima de tudo na perda da liberdade de escolha. Portanto, a dependência não é uma opção. É uma condição patológica (uma doença) que tira a liberdade do indivíduo de optar ! Perceber a presença da doença e se responsabilizar pelo tratamento é o primeiro passo em direção à recuperação. É preciso escolher a mudança e buscar ajuda para efetiva-la. Não resolve olha o passado para achar um culpado. Deve-se pensar no futuro! Não existem culpados pela situação. Mas pode haver pessoas comprometidas com o processo de recuperação (o próprio dependente, sua família, os amigos, os profissionais da saúde). Afinal, se temos que estar condenados a alguma coisa nesse mundo, que seja apenas à liberdade !!!!


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O início de tudo

     Seguindo o exemplo de pessoas que tem me ajudado muito ultimamente através de suas partilhas em blogs e incentivada por minha psicóloga, eis-me aqui, tentando de alguma forma expressar aquilo que sinto.
     O desejo de escrever nasceu no dia em que postei um comentário no blog da Polly (amando um dependente químico), era um dia em que o desespero tentava tomar conta de mim e escrever aquele comentário e obter a solidariedade das pessoas que leram, me ajudou a "sobreviver". 
    Aquele foi início de uma grande reviravolta na minha vida e na do meu esposo adicto... Segue o Início de tudo:

30 de outubro de 2007

     Mais uma vez a história se repete... Foram 15 dias de paz, serenidade e sanidade, quer dizer, eu acho que durou esse tempo. Bem, o fato é que estamos dando mais uma volta pelo "círculo", começa sempre com a irritação, insatisfação... Daí vem a maneira rude de me tratar, talvez pra me afastar, pois eu de alguma forma sou um empecilho entre ele e a droga, depois ele recai, tenta se enganar achando que dessa vez vai conseguir usar escondido e controlar o uso, logo perde o controle e passa dias usando, só pára quando o corpo não suporta mais, e mesmo assim, é preciso que seus recursos também tenham se esgotado, então ele volta, pede perdão, as vezes nem pede mais, promete que nunca mais, que agora tomou a decisão, diz que vai se submeter a ser tratado, enfim, eu perdôo... Passamos dias felizes, maravilhosos aliás, pois quando a cocaína não está entre nós somos a família mais feliz desse mundo, me sinto a mulher mais amada da face da terra... Mas nunca dura muito, e aí começa tudo outra vez, outra volta no maldito círculo... Sabe, tô em uma fase muito difícil, não sei o que pensar e muito menos como agir e isso está fazendo o círculo piorar, pois perdi minhas forças, não sou mais firme em meus limites e tenho facilitado muito o pós uso... Sempre perdoando... Na verdade não tenho mais limites, ele já ultrapassou todos eles, usa em casa, já tentou me agredir fisicamente, me agride com palavras... Já ignorei tanta coisa em nome desse amor, da família... Agora, porém o que me deixa mais confusa é a reação das crianças, eu coloquei na cabeça deles que família é a coisa mais importante que existe, eles se orgulham de sermos uma família padrão e do fato de estarmos juntos desde a adolescência, meu filho mais velho sonha em viver um amor assim... Fico realmente muito triste, meu Deus, não posso fazer nada, enquanto ele pode tudo, ou seja, basta ele parar, buscar ajuda pra controlar a doença, se submeter QUERER MUDAR, QUERER E AMAR NOSSA FAMÍLIA TANTO QUANTO EU... É muito difícil aceitar que isso pode nunca mudar, aceitar e entender que não tem cura... Sei de tantas pessoas que conseguiram... É muito triste, não existe palavra que explique o tamanho da dor que é ver alguém que você ama, que tem tudo pra ser feliz e bem sucedido, se deixar levar pelo vício... Agora ele está sabe Deus onde, se drogando sem parar, com certeza sofrendo, mas ainda assim preferindo estar desse jeito... Deus isso é terrível, ser prisioneiro da droga, não conseguir parar , meu Deus, dói muito, tudo que eu queria é ser capaz de fazer algo... Hoje entendo que não há nada que eu possa fazer, só posso orar, entregar nas mãos de Deus e pedir misericórdia!
     Não sei o que é pior pras crianças, viver nessa inconstância, nesse sofrimento, ou enfrentar a separação dos pais, somos tão felizes quando a droga não está dominando meu esposo. Sei que ele não domina, que é uma doença, mas poxa, é uma doença que só depende do doente pra paralisar... Sei que nada do que ele fala ou faz quando está no uso deve ser levado em conta, mas ele me fere tanto com a falta de consideração por mim, me trata mal, com indiferença, me rejeita, me troca, faz com que eu me sinta um estorvo na vida dele. Li um artigo que dizia que o D.Q. não vê pessoas, só objetos e que por isso não devemos nos martirizar por suas atitudes egoístas e falta de reconhecimento, pois esse é um dos sintomas da doença, meu Deus, me ajude, não sei o que fazer nem como reagir da forma correta pra sair desse círculo, quero ir pra frente, definitivamente eu preciso e quero romper esse círculo. Me ajude Senhor!!!
     Esse foi o relato feito no blog da Polly, graças a imensa solidariedade que obtive, encontrei forças pra procurar ajuda, dessa vez pra mim mesma, pois pude perceber que eu estava, e ainda estou, tão doente quanto ele, e o pior, estava arrastando nossos filhos pro mesmo abismo. Procurei o Nar-anon, o Amor Exigente, voltei a fazer terapia e decidi pôr em prática tudo aquilo que eu já havia aprendido, mas teimava em fazer diferente, parei de facilitar, disse a ele que dessa vez iria cumprir com o que havíamos estipulado caso ele voltasse a recair, pedi que fosse embora, mesmo sofrendo muitoooooo, passando por cima da vontade de perdoar, abraçar, beijar, cuidar... Entendi que eu só estava ajudando ele a se afundar cada vez mais e prolongando mais o meu sofrimento, me senti egoísta, pois na verdade eu perdoava mesmo sabendo que só deixando ele encontrar o fundo do poço talvez houvesse esperança de recuperação, perdoava mesmo sabendo que ele piorava a cada recaída, perdoava porque o amo demais e me contentava com os poucos dias de intenso amor e cumplicidade que vivíamos, perdoava porque tinha medo de vê-lo morto, mas sabia que a cada recaída os riscos cresciam ainda mais... perdoava porque sou uma co-dependente e ele é meu vício... lágrimas...